Parte I ( A formação nas Olimpíadas de Matemática)
Pra começar é importante falar da minha formação. Pelo que me lembro, sempre tive boas notas na escola. Não que eu achasse super importante para o meu futuro estudar, mas de fato hoje sei como é essencial, mas eu estudava por orgulho de figurar entre os alunos que recebiam o boletim na frente da sala :) . Até aí, nada tão interessante, imagino. Mas tudo mudou quando, por uma pressão absurda da minha mãe, eu comecei a frequentar as aulas de olimpíada de matemática na escola na antiga 5a série. Eu ia emburrado, pois as aulas eram sábado pela manhã e eu gosto de dormir muito e já acordava todos os dias pela manhã para ir ao colégio. Mas, no outro ano, ainda que as aulas de olimpíada continuassem pela manhã, eu resolvi participar por conta própria. E essa decisão fez toda a diferença.
Eu comecei a ficar meio fascinado com a forma como um exercício aparentemente impossível de resolver era solucionado. E a forma como a matéria era vista na olimpíada era totalmente diferente da visão de matemática da sala cotidiana. A gente era estimulado a entender todos os conceitos e não apenas a repetir fórmulas. Isso aliado aos desafios das olimpíadas internas começaram a surtir efeitos na minha formação. Eu passei a ganhar uma olimpíada interna atrás da outra na escola e a competir pra representar o país fora.
Na escola, tudo ia normalmente, eu fui pra 7a série. As coisas foram ficando mais pesadas na olimpíada. Eu estava meio mal por não ter conseguido representar o Brasil numa olimpíada na Argentina no ano anterior, mas tudo certo. Afinal, as aulas tinham passado de sábado pela manhã pro final das tardes de dois dias na semana. Eu e meus colegas começamos a competir nas seletivas estaduais e nacionais. Mas era tudo muito difícil pra gente.
Fui pra 8a série e o programa de preparação para olimpíadas teve outra mudança. Haveria uma seletiva pra turmas especiais de acompanhamento contínuo de todas as sedes da escola naquela mesma série Formamos uma turma de uns 10 alunos que passaram a ter aulas todos os dias na escola à noite. O programa funcionou. Nós fomos premiados na Olimpíada Cearense de Matemática e na Olimpíada Brasileira de Matemática. Eu particularmente com prata e bronze, respectivamente.
Não frisei aqui, mas nós tínhamos mudanças de níveis de 2 em 2 anos aproximadamente. As mudanças eram assustadoras. Eu sempre achava que não ia dar conta. Esqueci também de mencionar que a minha mãe começou a me achar meio obcecado com matemática e pediu para eu parar de fazer a preparação antes do fim da minha oitava série. Mas era tarde demais. Eu já estava convicto de que aquilo me fazia bem.
Nós continuamos a ganhar bolsas de estudo. O ensino médio começou meio difícil com relação às olimpíadas por conta de outra mudança de nível. Na escola regular, tudo era muito tranquilo. Dos 10 integrantes da preparação aprofundada, cinco resolveram continuar a formação e nós nos juntamos a cinco alunos mais velhos pra ter aulas junto com eles. E tudo seguiu com várias premiações pra gente. Mas, pra mim, tudo mudou quando o Fabrício, um futuro colega, chegou da Olimpíada Internacional de Matemática com uma medalha. Aí, eu coloquei na cabeça que queria representar o Brasil também. Essas coisas que eu punha na minha cabeça sempre foram o meu ponto fraco e o meu ponto forte, pois, ao mesmo tempo que me fazia insistir com todas as dificuldades, deixava-me meio ansioso demais durante as provas e atrapalhava meu rendimento. O emocional muito aflorado que eu sempre tive era bom e ruim. Como lidar com isso?
Bem, no final do Ensino Médio eu passei no vestibular da minha cidade, Fortaleza, pra Engenharia na Universidade Federal. Isso não requereu nenhum estudo específico pra isso, pois eu sempre mantinha os bons rendimentos na escola. Eu fui premiado com medalha na Olimpíada Brasileira de Matemática de novo. Todavia, eu não tinha passado pra Engenharia nem no IME-Rio (ainda não, mas não sabia que estudaria lá brevemente) nem no ITA - São Paulo. A dedicação muito concentrada em Matemática foi eficiente, mas, para esses dois outros vestibulares, eu precisaria de uma dedicação análoga em Física e Química, pois o nível era muito alto mesmo. Como eu fui medalhista na olimpíada nacional no ensino médio, eu poderia tentar fazer a seletiva para a Olimpíada Internacional, mas só tinha mais um ano e não podia fazer a matrícula no curso superior. Daí, começa a outra parte dessa narrativa, mas antecipo que não me inscrevi na faculdade e resolvi fazer um ano de cursinho para me preparar pro IME ou ITA e, ao mesmo tempo, poderia tentar fazer a seletiva. Mas isso eu conto depois! Até mais.
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